sexta-feira, 23 de setembro de 2011

O "serviço" começa em casa!



“E disse-lhes: Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura.” Marcos 16:15

Essa semana assistindo o programa de televisão “A liga”, refleti muito sobre o papel da família. Não sei se todos tiveram a oportunidade de assistir, mas o tema era sobre a vida das crianças nas ruas. Eles mostraram a triste realidade das crianças que saem de casa,  na maioria das vezes por conta de problemas com os pais – que são agressivos, viciados, alcoólatras, abusadores – ou problemas mesmo de pobreza, pois os “chefes da casa” não têm condições para colocar comida na mesa, ou suprir suas necessidades materiais e afetivas. Essas crianças vão para as ruas em busca de sobrevivência.

Cansadas dos conflitos e da miséria,  sem estrutura alguma,  encontram nas ruas outras crianças que vieram de situações semelhantes e aprendem como sobreviver fora de casa. As leis da rua são muito pesadas, realmente “leis da selva”, e as oportunidades inexistentes. Assim, essas crianças aprendem a vender o próprio corpo com 10, 12 anos de idade para poderem sustentar outra mazela do inimigo que passa as dominar: as drogas, de forma que tudo isso torna-se um círculo vicioso. Conseguem se  manter vivas, porém sem sonhos, dignidade, infância, segurança, carinho, educação e muitas vezes vontade de continuar vivas. Crianças totalmente expostas à violência, ao crime, doenças, frio, fome e diversas formas de abuso, dores e traumas, tudo isso transformam-se em feridas que muitas vezes jamais cicatrizarão.

Tudo isso nós faz parar e olhar para o mundo que existe ao nosso redor, pois não raras vezes estamos a reclamar de nossas vidas, que são maravilhosas. É triste saber que muitos assistiram a esse programa, como a muitos outros sobre o mesmo assunto, se sensibilizam no momento, mas no dia seguinte,  ao acordar e tomar o seu banho quentinho, o seu café da manhã todo balanceado segundo as recomendações do nutricionista, e mesmo com tanto conforto não conseguem transformar o lar num ambiente onde a família tenha prazer em estar. Não quero, de maneira alguma, fazer com que se sintam culpados por ter uma situação de vida melhor. Quero apenas que reflitam sobre o valor que estão dando ao que Deus confiou a vocês como um presente: a sua família. Como tem sido o seu testemunho e a mensagem sobre a vida, o serviço, o amor, a compaixão e o perdão? Não adianta se sensibilizar com as dores do filho do teu vizinho ou com os de longe se você não acolhe e cura as dores do teu próprio filho e do teu cônjuge. O nosso serviço, as nossas obras começam dentro de casa!

Se você ainda não consegue realizar obras dentro e fora de casa,  ao mesmo tempo concentre-se nas de dentro de casa em primeiro lugar. Mesmo que não venha a fazer outras obras, essa poderá ser a maior contribuição que você pode dar ao mundo. Não seja mais um a contribuir com a obra do maligno e aumentar o número de crianças e pessoas que saem de casa por não se sentirem acolhidas e compreendidas nas suas necessidades. Faça melhor ainda, seja um exemplo de amor e perdão, pois sua família levarão esse aprendizado para o resto de suas vidas e espalharão a mensagem que você deixou. As atitudes criam estruturas nunca esquecidas por aqueles que vivem e repetidas pelos beneficiados.

“Metade do mundo passa fome; a outra metade faz regime. Nós não somos privilegiados porque merecemos. Privilégio aceito deve significar responsabilidade aceita.” Madeleine L’Engle

Avalie: imagine que todas as famílias do mundo fossem cristãs e seguissem a mensagem que Jesus nos deixou no Evangelho.
Vocês acreditam que haveria brigas, assassinatos, prostituição, ira, rancor, ódio, divórcio, crianças na rua, fome, miséria? Certamente não!

A destruição do lar é a responsável pelas dores do mundo. Se todos tivessem amor, compreensão, suporte emocional, o amor de Deus ensinado, andassem na presença de Deus, teríamos um mundo de paz. No íntimo é o sonho da maioria, mas o difícil é colocar em pratica,  principalmente dentro de nossas casas,  onde o diálogo e o afeto estão cada vez mais fora de moda. Orar e fazer oração entre pais, filhos  cônjuges muitas vezes é visto como “cafonice”, chegando às vezes a ser ofensivo. Discipular então, pra quê? O mundo ensina....

O discipulado nada mais é que uma transferência de vida e experiências. É um relacionamento onde se direciona alguém ao caminho certo, onde você acompanha segurando na mão, se envolvendo e sendo espelho para a cura ou aprendizado. Muitas pessoas pensam no discipulado só fora, fora de casa, com pessoas que nunca viu antes. Saem de casa para cumprir suas tarefas da Igreja e discipular pessoas, mas não tem coragem de pedir perdão para o próprio filho ou cônjuge não deixando bons exemplos.

Jesus foi discipulador e fez isso através das Suas atitudes. Ele não falava muito, mas suas atitudes eram inspiradoras, fazendo com que multidões O seguisse. Assim, somos chamados, para sermos discípulos e discipuladores, para inspirar e transmitir,  e para isso precisamos conhecer e viver, dedicar um pouco do nosso tempo para o aprendizado da vida cristã. Um cego não pode guiar outro cego, ambos caíram.

Ser exemplo é fundamental.
Quando vemos um programa forte como esse e os nossos filhos estão ao nosso redor, eles certamente esperam alguma resposta/atitude nossa para tentar transformar essa situação, afinal, os pais são “Super-heróis” para os filhos e eles projetam expectativa de que poderíamos fazer algo. Eu pelo menos sempre fui assim. Acredito muito no grão de areia movido por cada um, gerando uma transformação absurda. Nesse contexto surge aquele olhar, como quem diz: “mamãe, o que faremos?” E a mãe entendendo fala: “triste situação” e cruza os braços. E ai passamos a mensagem de nada temos a fazer para mudar isso, que esse poder estaria nas mãos dos políticos, o que não é pura verdade.

Olhe para as pessoas da sua família ainda hoje e avalie se estão felizes, se sentem compreendidas emocionalmente. Tente se questionar e entender o que falta. É amor, dedicação, são coisas materiais? Se você quer saber se transformou sua casa em um lar é só observar o quanto as pessoas que moram na sua casa gostam de permanecer nela. Se seu cônjuge sai cedo e faz questão de voltar tarde, se seus filhos preferem estar na casa dos amigos do que na própria casa, se você muitas vezes pensa em chegar mais tarde para não encarar situações ou o seu próprio cônjuge, é porque falhas estão acontecendo e basta uma faísca para tudo isso se incendiar.

Não pense que situações duras como essas vistas no programa só acontecem em famílias de baixa renda, não, acontece muito entre famílias "bem estruturadas" onde os pais se machucam, traem, se divorciam e deixam crianças e jovens feridos, com valores distorcidos e abertos para uso de drogas ou qualquer coisa que lhes tire a dor a confusão dentro deles.

Se você realmente deseja fazer alguma transformação no mundo, comece no seu lar! Discipule através de atitudes e palavras sábias. Quando o seu lar estiver seguro, todos caminhando juntos, fortalecidos, então passe a espalhar essa mensagem em outros lares. Nós somos responsáveis por levar a mensagem de Cristo para todas as criaturas e quando não o fazemos nos tornamos responsáveis pela vida dessas crianças nas ruas.

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